quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Comportamentos suicidas


Estudos sobre o suicídio têm demonstrado que a maioria das pessoas que o cometem encontram-se em grave e profunda depressão, apesar de não coincidir com o seu auge, geralmente marcado por uma tremenda lentidão de raciocínio, um adormecimento em relação à realidade, que a pessoa gradualmente procura ignorar, mas sim quando a inactividade começa a tornar-se menos acentuada. A realidade que rejeita começa a vislumbrar-se e a necessidade de fuga ou de chamamento de atenção é mais radical. A ideia do suicídio começa a agravar-se e a apoderar-se cada vez com mais força da sua mente em perfeito estado de revolta e solidão. Os suicidas sentem-se sempre desesperadamente incompreendidos e sós, mesmo rodeados de gente, desfasados e desencontrados de si mesmos, inadaptados e profundamente frustrados e desiludidos. Se encontram alguém com quem tenham a oportunidade de falar num gritante desabafo dum sufoco insustentável, que os escute, os compreenda e lhes mostre a vida com carinho é por vezes suficiente para evitar o acto. Muitos suicidas com patologia mental, foram génios de grande criatividade e legaram à humanidade fabulosas obras. Temos o exemplo de Vincent Van Gogh que já em criança e depois na adolescência atingiu o auge do sofrimento humano que se prolongou incessantemente … até perder a lucidez e atingir a loucura. Era um profundo desajustado e injustiçado, um inadaptado ao mundo humano, um sofredor que o levou ao suicídio aos 37 anos, apesar de aparentemente muito possuir. Van Gogh entre um período de lucidez e as descompensações da doença que o levaram a matar-se escreveu: "O suicídio faz com que os amigos e familiares se sintam seus assassinos". Alguns psicanalistas afirmam que o suicida adolescente não se apercebe totalmente da natureza da morte, e para ele o suicídio é um grito angustiantemente desesperado que reclama ajuda e atenção ou também uma forma de vingança sobre o mundo que o torturou e o lançou no caos. Inconscientemente o suicida quer castigar aqueles por quem se sente mal amado. Ele tenta arrastar o "outro" na sua morte. Tem uma necessidade de culpar, porque a revolta não dá tréguas. Contudo, todas as tentativas de suicídio devem ser encaradas com seriedade, pois das pessoas que tentam suicidar-se 20 a 30% fazem nova tentativa dentro de meses e 10% acabam por matar-se. O suicídio é muitas vezes uma solução patológica para um angustiante problema que a pessoa considera intransponível, como o isolamento social, as dolorosas injustiças, ingratidões, maus tratos, violências psíquicas a vários níveis, um lar que se desfez durante a infância, situação altamente traumatizante, cuja ferida se arrasta numa dor insuportável e culmina mais tarde numa depressão gravemente patológica que conduz ao terminus da vida; uma doença física grave, o desemprego, a toxicodependência, o envelhecimento que não se aceita, etc. De nada valem as riquezas materiais, a fama e glória, quando interiormente se vive no tédio, numa amargurante angústia sem encontrar solução nem saída para esses estados psíquicos. Responsabilidades de ordem material como chefes de família em ruína monetária, jogadores demasiado pressionados para o pagamento das suas dívidas, e sem controle, etc., transportam as mentes desorientadas sem mecanismos de defesa à fuga às responsabilidades existenciais, ao sofrimento e sentem que só têm o recurso da morte. Esta forma macabra de terminar com a existência não conhece fronteiras e ocorre em todos os estratos sociais. Os suicídios verificam-se frequentemente em idades que marcam fronteiras na existência: a puberdade, a adolescência, e entre a maturidade e a velhice. É curioso saber que as mulheres quer adolescentes ou adultas fazem 3 vezes mais tentativas de suicídio que os homens. No entanto de um modo geral, é mais grave no sexo masculino, porque, por razões ainda não inteiramente esclarecidas o homem tem tendência a matar-se com armas de fogo, por afogamento, por enforcamento, ou saltando de grandes altitudes, enquanto que o sexo feminino recorre mais ao envenenamento. O estado civil é também um indicador importante: o suicídio é mais comum entre os indivíduos divorciados, seguido de solteiros, muitas vezes com sofridas frustrações nas buscas sentimentais como único sentido de vida; e também é vulgar o suicídio nos viúvos. A nota de suicídio é uma mensagem deixada por alguém que em seguida tenta ou comete suicídio. De acordo com a Dra. Lenora Olson, as razões mais comuns para que um indivíduo que contempla o suicídio deixe uma última nota incluem: aliviar a dor dos que ficam, tentando isentá-los de culpa; aumentar a dor dos que ficam, atribuindo-lhes culpa; esclarecer a razão do suicídio; atrair piedade ou atenção ou deixar instruções do que fazer com o que restou. Seja como for, em todo o mundo suicidam-se diariamente mais de 2000 pessoas (estatística analisada a partir de 1985). Nos Estados Unidos, por exemplo, o número oficial de mortes por suicídio é de 30 000 por ano ou quase 100 por dia. Este número vai aumentando gradualmente de ano para ano. No entanto os analistas duplicam ou triplicam esse número pelo facto de muitos suicídios serem considerados como acidentes. Mais de 90% dos suicídios verificam-se em resultado de múltiplas doenças psíquicas ou psiquiátricas, sendo mais vincado por distúrbios de personalidade. Os suicidas nunca aceitam a realidade, e são os familiares e os que estão a viver mais perto, os culpados segundo a sua mente tão perturbada, levando-os a odiar a quem na realidade mais dependem, como pais ou mulher com quem vivem. O maior risco verifica-se em pessoas que vivem em Zonas urbanas pobres. Um estudo realizado nos Estados Unidos demonstrou que 50% de todas as tentativas de suicídio entre os adolescentes são realizadas como consequência do mau ambiente familiar. O desamor entre a humanidade, iniciado na célula de qualquer sociedade – a família; os conflitos que geram conflitos; as agressões físicas sobre as crianças; os gritos apavorantes com que as repreendem, provocam uma grave desorganização na personalidade em crescimento da criança, e desequilibra duma forma contínua o seu sistema nervoso central. Uma grande parte dos jovens foi gradualmente perdendo o sentido de vida, a motivação na actividade estudantil, e caminham sob pressões e opressões na insegurança e instabilidade sem saber qual o seu rumo. A tendência educacional orientadora e criadora duma imagem, que confunde e desencontra o indivíduo do seu "Eu", as exigências familiares a nível escolar como os mais supremos valores a ostentar, sem se aperceberem do estado psíquico do jovem que afecta indubitavelmente a actividade intelectual, bloqueando a concentração e a memorização. A ausência de diálogo que habita em milhares de milhões de lares, afecta essencialmente os jovens. Parece tabu dialogar, mesmo quando alguém precisa de uma simples palavra de conforto ou um minuto de atenção que lhe podem salvar a vida. As tentativas de suicídio constituem advertências para aqueles que estão à sua volta, desvendam uma grave doença psíquica e testemunham profundas carências de Amor! A base do tratamento consiste pois, em providenciar apoio imediato, ajudar a pessoa a resolver as dificuldades que precipitaram a tentativa e só depois tratar a depressão.

1 comentário:

Vítor Silva disse...

Tenho que concordar contigo nesse aspecto, pois o suicídio tem aumentado neste século devido a problemas pessoais, familiares entre outros. Há quem diga que suicídio é um pecado grave, mas quem são os individuos para julgarem certas pessoas? A maioria nem sequer sabe quais os motivos relevantes dos suicidas, e não têm o direito de afirmarem que é pecado pois ainda estão vivos. Outra estupidez por parte da população é ter a tendência de rejeitarem os doentes, deviam era de prestar auxilio ou cuidados psiquiátricos.
Para acabar o meu comentário, tenho que agradecer-te, pela boa noticia. Muitos parabens continua.