quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

"Se você encontrar o Buda no caminho, mate o Buda"


Quando gostamos muito de alguém e admiramos uma pessoa porque ela tornou-se um ponto de referência para as nossas vidas e nos ensinou muito, é difícil dizer adeus quando chega a hora da despedida. Mas Nietzsche disse um dia que “Paga-se mal a um mestre quando se continua sempre a ser o aluno”. Todos somos mestres uns dos outros. Estamos sempre a aprender com as nossas interacções com os outros. Somos dependentes dos outros como um pássaro de asa ferida recolhido pela bondade de alguém. Esse alguém é o seu mestre. O mestre cuida dele até ficar curado, ensina-lhe tudo o que ele precisa saber. A partir desse instante, o mestre sente que fez a sua parte e liberta o pássaro. Sabe que ele tem tudo para ser feliz e como quer o melhor para ele, devolve-lhe a liberdade. Muitas vezes vemos que o pássaro recusa-se a ir embora. Também há deles que vão e depois voltam. Mas porque será tão difícil dizer adeus? Porquê a necessidade de voltar? Porquê não partir sem dizer adeus? Ás vezes apegamo-nos demasiado às coisas e às pessoas que entram nas nossas vidas de tal maneira que tornamo-nos dependentes delas. Não conseguimos viver sem elas. O desespero toma conta das nossas mentes, ficamos desnorteados sem saber como enfrentar a vida. Deixamos de ser nós próprios para nos apaziguarmos e não nos sentirmos tão sozinhos no mundo. Acho que o pior sentimento que existe é a solidão. A solidão mata uma pessoa aos poucos…através da tristeza e da loucura. Muitas pessoas podem não compreender, talvez porque não tenham muita experiência de vida, ainda não estão maduros o suficiente, mas a verdade é que seja lá quem for o (s) mestre (s) na nossa vida, temos de matá-lo (os). Matá-lo (os) com gratidão, muita gratidão. Afinal de contas ele (s) nos ajudou a ser quem somos, mas ainda há pouco tempo cheguei à lógica conclusão de que para sermos nós próprios, temos de deixar de ser a sombra dos outros. Não tem de haver uma razão para matar o mestre, apenas o sabemos quando as relações caem no desgaste, quando já sabemos o suficiente para enfrentar a vida sozinhos tal como o pássaro curado da asa partida. Aí sabemos que chegou a hora de passarmos também de aluno a mestre de alguém; que chegou a altura de sair da sombra. Matar o mestre não significa odiá-lo, tão pouco matá-lo literalmente! É enfrentarmos a vida sem muletas! Porque quando gostamos e admiramos realmente alguém, essa pessoa continua no nosso coração, por ser ainda importante mesmo que faça parte do passado. Mestre é aquele que nos ensina a percorrer o caminho e a levantarmo-nos sozinhos mesmo que fracos por dentro, fartos de lutar, fartos de tanto sofrimento. É ele que nos motiva novamente. Que nos mostra que a vida é um bem precioso. Impede-nos de cometer loucuras e acima de tudo espera por nós, mesmo que o seu ritmo seja diferente do nosso. “Estás a ver aquela árvore ali ao fundo antes do entroncamento? É lá que espero por ti. Mas levanta-te sozinha para lá chegares. Não esperes que te levante ou que percorra o caminho por ti.” Custou, mas lá cheguei. Com a tristeza no olhar acabei por escolher um caminho diferente do seu. E foi aí no entroncamento que matei o meu mestre.


"É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela".

"Torna-te aquilo que és”

2 comentários:

Vítor Silva disse...

Muito
A maior parte das vezes, aprendemos com os nossos erros, há sempre alguém que aconselha-nos e diz o que nós fizemos de mal.
O ser humano aprende todos os dias algo de novo,seja na comunicação com outros seres,ou,nas suas falhas.
É através da amizade que muitas pessoas envolvem-se nas vidas de outros, desenvolvendo mais tarde uma relação.Em certos casos o relacionamento amoroso é muito eficaz contra a solidão.
Porque ás vezes nós sentimo-nos um pouco sós, quando somos detestados.

PS: Continua com o bom trabalho.
Beijinhos.

Vítor Silva disse...

* Muito bom o texto minha colega.