segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Samsara



O Samsara é a ilusão em movimento; é a nossa tendência para criar um mundo só nosso que fomenta o mundo utópico também criado pelos outros e que tende a desabar, encontrando-se condenado ao sofrimento porque não é real, apesar de ser muito prazeroso. “Cego é aquele que não quer ver” já diz o ditado popular, mas as vezes vivemos esses mundos com tanta intensidade que deixamos de conseguir discernir; de conseguir distinguir o real do irreal. Tornamo-nos excêntricos de tanto acreditarmos na sua existência. Enlouquecemos. Mas um dia parei para pensar e cheguei à conclusão de que o meu mundo poderia existir se o homem fosse mais humano. Actualmente, vive-se na ilusão de que a ciência conseguirá aos poucos acabar com o sofrimento das pessoas, mas se as pessoas deixarem de sofrer, deixarão de ser humanas. Na minha opinião é o conjunto de sentimentos, emoções e sensações que formam o ser humano e não apenas a sua racionalidade. Todos nós temos de passar ao longo da vida por um roll de adversidades para amadurecermos. Não conheço boas pessoas que não tenham passado por vários problemas difíceis de ultrapassar. O sofrimento é que faz o mundo girar. O problema é que quase sempre são os pobres que sofrem. O capitalismo e o materialismo tomaram conta do mundo. Aqueles que poderiam acabar com o sofrimento do pobre não ajudam. Aliás, chegámos ao ponto que dizermos que gostaríamos que o sofrimento dos outros acabasse passou a ser piada. O tempo do Robin Wood já lá foi…e se o sofrimento é necessário, ao menos que seja igual para todos, assim não haveria tanta injustiça.

The butterfly effect


"Efeito borboleta” é um termo que se refere à teoria do caos que defende que o bater das asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e, assim talvez provocar um tufão do outro lado do mundo, ou seja, os resultados finais de qualquer coisa, dependem sensivelmente das condições iniciais da sua alimentação. O efeito borboleta é caracterizado por um sistema aberto e, portanto, dinâmico, complexo e adaptativo, o que significa que quando tomarmos uma decisão mínima com espontaneidade, estamos a contribuir para uma transformação inesperada de um futuro incerto. Assim sendo, existe uma impossibilidade de previsão perfeita, pois os dados de alimentação são infinitos. Daí que uma pequena variação das condições em determinado ponto de um sistema dinâmico pode ter consequências de proporções inimagináveis. Muitas vezes buscamos leis uniformes, universais, de modo a conseguirmos adivinhar o futuro, numa tentativa impetuosa de controlar os mistérios da vida. Pois bem, a vida e o destino são o resultado de um sistema causa-efeito que tem uma margem de erro bastante elástica; a palavra “aleatório” ganha extrema relevância neste plano de insegurança.
Existem pessoas que lutam para esquecer o seu passado, o que é impossível acontecer, e outras que, por não estarem satisfeitas com ele, tentam incessantemente, modificá-lo. Por vezes o nosso passado parece um filme de tão surreal, por isso as pessoas acabam por achar que podem voltar atrás no tempo e tentar fazer as coisas de outra maneira. Isso é uma ilusão. O problema é que quando tentamos mudar uma coisa no presente, tudo o resto muda. A vida nem sempre toma o rumo que esperamos e não podemos destruir o passado sem destruir o futuro.
Mesmo que a vida tenha sido dura no passado, porquê mudá-la se já aprendemos com todos os nossos erros e nos tornámos pessoas melhores? Se tal não acontece é sinal que devemos reflectir um pouco sobre isso. Hoje em dia acho que as pessoas deveriam aprender a ser felizes novamente, simplesmente porque por serem demasiado materialistas, quando perdem tudo acabam por não saber valorizar o “pouco” que têm, nem sequer a própria vida.
Conheço muitas pessoas que ainda não se encontraram, simplesmente porque acomodam-se à rotina do dia-a-dia ou porque não se conformam e começam a enlouquecer aos poucos. A cada dia que passa torna-se mais difícil de enfrentar a vida. É compreensível quando temos uma perspectiva um pouco pessimista do mundo.A verdade é que o tempo não volta atrás e sempre que tentamos mudá-lo só o pioramos e ao pensarmos demasiado nele, ficamos de tal maneira agarrados que deixamos de conseguir viver o presente. Seria tão mais fácil vivê-lo se os nossos medos e os nossos fantasmas não nos perseguissem a toda a hora, mas o mais acertado a fazer é aceitar o passado porque ele já passou e a partir do presente edificar uma nova vida. Foi isso que eu fiz. Comecei do zero e hoje sou uma pessoa muito feliz, embora nem tudo corra como eu quero, nem eu seja perfeita. Agradeço a todos os que me magoaram, especialmente àqueles que o tenham feito intencionalmente, porque sem eles não seria quem hoje sou nem teria esta visão maravilhosa do mundo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

"Se você encontrar o Buda no caminho, mate o Buda"


Quando gostamos muito de alguém e admiramos uma pessoa porque ela tornou-se um ponto de referência para as nossas vidas e nos ensinou muito, é difícil dizer adeus quando chega a hora da despedida. Mas Nietzsche disse um dia que “Paga-se mal a um mestre quando se continua sempre a ser o aluno”. Todos somos mestres uns dos outros. Estamos sempre a aprender com as nossas interacções com os outros. Somos dependentes dos outros como um pássaro de asa ferida recolhido pela bondade de alguém. Esse alguém é o seu mestre. O mestre cuida dele até ficar curado, ensina-lhe tudo o que ele precisa saber. A partir desse instante, o mestre sente que fez a sua parte e liberta o pássaro. Sabe que ele tem tudo para ser feliz e como quer o melhor para ele, devolve-lhe a liberdade. Muitas vezes vemos que o pássaro recusa-se a ir embora. Também há deles que vão e depois voltam. Mas porque será tão difícil dizer adeus? Porquê a necessidade de voltar? Porquê não partir sem dizer adeus? Ás vezes apegamo-nos demasiado às coisas e às pessoas que entram nas nossas vidas de tal maneira que tornamo-nos dependentes delas. Não conseguimos viver sem elas. O desespero toma conta das nossas mentes, ficamos desnorteados sem saber como enfrentar a vida. Deixamos de ser nós próprios para nos apaziguarmos e não nos sentirmos tão sozinhos no mundo. Acho que o pior sentimento que existe é a solidão. A solidão mata uma pessoa aos poucos…através da tristeza e da loucura. Muitas pessoas podem não compreender, talvez porque não tenham muita experiência de vida, ainda não estão maduros o suficiente, mas a verdade é que seja lá quem for o (s) mestre (s) na nossa vida, temos de matá-lo (os). Matá-lo (os) com gratidão, muita gratidão. Afinal de contas ele (s) nos ajudou a ser quem somos, mas ainda há pouco tempo cheguei à lógica conclusão de que para sermos nós próprios, temos de deixar de ser a sombra dos outros. Não tem de haver uma razão para matar o mestre, apenas o sabemos quando as relações caem no desgaste, quando já sabemos o suficiente para enfrentar a vida sozinhos tal como o pássaro curado da asa partida. Aí sabemos que chegou a hora de passarmos também de aluno a mestre de alguém; que chegou a altura de sair da sombra. Matar o mestre não significa odiá-lo, tão pouco matá-lo literalmente! É enfrentarmos a vida sem muletas! Porque quando gostamos e admiramos realmente alguém, essa pessoa continua no nosso coração, por ser ainda importante mesmo que faça parte do passado. Mestre é aquele que nos ensina a percorrer o caminho e a levantarmo-nos sozinhos mesmo que fracos por dentro, fartos de lutar, fartos de tanto sofrimento. É ele que nos motiva novamente. Que nos mostra que a vida é um bem precioso. Impede-nos de cometer loucuras e acima de tudo espera por nós, mesmo que o seu ritmo seja diferente do nosso. “Estás a ver aquela árvore ali ao fundo antes do entroncamento? É lá que espero por ti. Mas levanta-te sozinha para lá chegares. Não esperes que te levante ou que percorra o caminho por ti.” Custou, mas lá cheguei. Com a tristeza no olhar acabei por escolher um caminho diferente do seu. E foi aí no entroncamento que matei o meu mestre.


"É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela".

"Torna-te aquilo que és”